Progress in Eastern and Southern Africa

Número 11: março de 2009

Mensagem do Diretor

A produtividade agrícola na África é um desafio. Em muitas partes do mundo, a produtividade agrícola e o rendimento das lavouras aumentaram substancialmente nos últimos 20 a 30 anos. Na África permaneceram inalterados; na África Subsaariana os produtos principais apresentam de metade a um terço de seu rendimento potencial. No entanto, melhorar a produtividade agrícola é a chave para reduzir a pobreza no continente. Surgiu o consenso global de que a agricultura deve estar no topo da agenda de desenvolvimento global e que o investimento na agricultura, especialmente a agricultura dos pequenos produtores, deve aumentar para que os objetivos de redução da pobreza e segurança alimentar sejam alcançados. Estima-se que a África Subsaariana precisa aumentar a produção de alimentos em cinco vezes até 2050, só para acompanhar o crescimento da população. De fato, para que os países na região alcancem o primeiro Objetivo de Desenvolvimento do Milênio, erradicar a pobreza extrema e a fome, o setor agrícola precisa crescer muito mais rapidamente e manter uma taxa de crescimento anual de 6,2%.

Portanto, a produtividade agrícola é uma importante prioridade para o FIDA. Durante o período da Oitava Reposição (2010-2012) aumentaremos nossos investimentos em produtividade agrícola, inclusive em tecnologias e práticas de adaptação à mudança climática na África Oriental e Austral.

Isso exige que nós trabalhemos em cada aspecto da cadeia de produção agrícola, desde regenerar solos exauridos e utilizar melhores sementes e mais fertilizantes, seja orgânicos ou industriais, até melhorar drasticamente a qualidade dos chamados serviços de extensão que apoiam a agricultura. E implica abordar as questões de comercialização e armazenamento, infraestrutura de estradas e serviços financeiros. Somente se abordarmos todos esses aspectos de uma vez, envolvendo os setores público e privado, conseguiremos melhorar a produtividade agrícola de forma sustentável.

Ides de Willebois

Back to top


Um potencial não aproveitado: aumentar a produtividade agrícola na África Subsaariana

   
 
 

Figura 1: Áreas atuais e potenciais de terra arável na África, por região

A produtividade agrícola na África Subsaariana está ficando defasada. Os rendimentos dos cereais na região são menos de um terço dos rendimentos da Ásia e metade dos registrados na América Latina. Depois de ser um exportador líquido de alimentos nos anos 1960, a África se tornou um importador líquido, e as importações agrícolas representam cerca de 15% do total das importações. A parcela da receita bruta das exportações necessária para cobrir as importações de alimentos aumentou de 12 para mais de 30% só na África Oriental, de acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Em termos de exportações, a agricultura geralmente teve um desempenho fraco: a parcela relativa das exportações agrícolas africanas para os mercados mundiais caiu de 8% no período de 1971 a 1980 para 3,4% no período de 1991 a 2000. Esse declínio é parcialmente explicado pelo rápido crescimento da população a uma taxa que ultrapassou o aumento anual de 2% na produção de alimentos. Mas também pode ser atribuído a práticas agrícolas prejudiciais, investimentos insuficientes em infraestrutura e falta de políticas agrícolas coerentes; tudo isso, com o passar dos anos, se traduziu em rendimentos mais baixos e declínio na produção de alimentos per capita.

Potencial vasto

No entanto, o potencial é vasto. A FAO estima que a quantidade de terra  arável disponível na África Oriental e Austral poderia ser aumentada de quatro a cinco vezes e chegar a um total de 300 milhões de hectares em todo o continente (veja a Figura 1). Além disso, estima-se amplamente que os rendimentos estão cerca de 300% abaixo de seu potencial real. De acordo com a FAO, entre 1980 e 2000 a taxa média de crescimento anual da produção de cereais foi de 0,7% na África, em comparação com 2,3% na Ásia e 1,9% na América Latina. “Os rendimentos na África permaneceram inalterados durante os últimos 50 anos, e até mesmo caíram em alguns casos”, explica Geoffrey Livingston, economista regional na Divisão do FIDA para a África Oriental e Austral.

Existe o consenso de que o setor precisa crescer muito mais rapidamente e manter uma taxa de crescimento anual de cerca de 6,2% para que a África Subsaariana atinja o Objetivo de Desenvolvimento do Milênio de erradicar a pobreza extrema até 2015. Alguns países precisarão de taxas de crescimento ainda maiores, por causa dos muitos anos de negligência no setor. No Programa Integral de Desenvolvimento da Agricultura da África (CAADP), uma estratégia para revitalizar e reformar a agricultura da África, a Nova Parceria para o Desenvolvimento da África (NEPAD) estabeleceu o objetivo de 6% para o crescimento anual da produtividade agrícola. A NEPAD é o programa de regeneração econômica da União Africana. 

Os números são eloquentes, mas escondem uma realidade complexa. A melhoria da produtividade na África não pode ser alcançada somente mediante aumento do uso da terra arável. Uma expansão das terras agrícolas deve ser efetuada no contexto da mudança climática, aumentando a produtividade e, ao mesmo tempo, protegendo o meio ambiente natural e a biodiversidade (veja Progress, nº 7, março de 2008, sobre mudança climática). A melhoria da produtividade agrícola começa no campo e envolve cada aspecto da cadeia de valor de produção: do solo às sementes, acesso ao mercado, armazenamento, comercialização e disponibilidade de crédito. A maioria dos agricultores africanos não tem acesso nem pode arcar com os insumos agrícolas básicos. Sementes de alta qualidade, os fertilizantes orgânicos e minerais necessários para revitalizar solos exauridos e simples sistemas de gestão de água

estão muito além de seu alcance. Estradas boas são escassas. Faltam sistemas de mercado, sistemas de extensão e sistemas financeiros fortes. “Para melhorar a produtividade agrícola, temos que olhar para o setor como um todo”, explica Philippe Remy, coordenador de políticas na Divisão de Políticas do FIDA. “Não podemos focar em um aspecto e ignorar os outros; isso simplesmente não funciona. Precisamos de uma abordagem holística.”

Saúde do solo, um fator-chave

   
 

Em Madagascar, o arroz é o principal gênero alimentício.

 

O solo é um dos principais componentes da agricultura. Nos últimos 20 anos, práticas agrícolas danosas exauriram os nutrientes vitais do solo. Os agricultores, que tradicionalmente deixavam a terra em repouso para recuperar um pouco de sua fertilidade, foram forçados a cultivar várias lavouras seguidas para responder à maior demanda. Eles não tinham acesso a fertilizantes (produto derivado do petróleo) por causa do alto custo de compra. “Em geral, os agricultores africanos pagam cerca de três a quatro vezes mais por fertilizantes do que os agricultores na Europa”, disse Livingston. Como resultado, foram forçados a produzir em solos menos férteis de terras marginais, às custas da vida selvagem e das florestas da África. Além disso, a matéria orgânica para recuperar a fertilidade está em falta em muitos países da região, como resultado de rebanhos insuficientes ou de densidades populacionais muito altas. Essa questão está sendo abordada por alguns programas do FIDA, como o Projeto de Apoio para a Transformação Estratégica da Agricultura (PAPSTA) em Ruanda, onde um sistema de cadeia pecuária no qual os agricultores usam esterco de vaca para cultivar legumes está tendo bons resultados (veja a história adiante).

Mas a utilização de matéria orgânica não pode, por si só, fornecer uma solução rápida em grande escala. Um aumento drástico no uso de fertilizantes químicos possui outras desvantagens, e pode alterar o equilíbrio biológico do solo. Essa foi a experiência em países asiáticos onde a revolução verde, que contava em grande parte com sementes e fertilizantes subsidiados, ocasionou rendimentos muito mais altos por décadas, mas também resultou em problemas relacionados ao desgaste do solo. “A revolução verde tem seus limites. Nós ignoramos a biologia do solo e o meio ambiente natural por muito tempo. Agora vemos que o solo está menos fértil”, explica Benoit Thierry, gerente do programa de país do FIDA.

Contudo, os fertilizantes ainda podem fornecer uma solução rápida, mesmo se forem somente parte de uma resposta de longo prazo. Malavi é um bom exemplo. Em 2006/07, o país introduziu um programa de grande escala, apoiado por doadores internacionais, para impulsionar a agricultura fornecendo aos pequenos agricultores insumos altamente subsidiados. O programa custou cerca de US$90 milhões, dos quais 87% foram financiados pelo Governo de Malavi. Os resultados foram espetaculares em termos de produção. A colheita de milho atingiu um nível recorde de 3,4 milhões de toneladas naquele ano, em comparação com 2,7 milhões no ano anterior e 1,2 milhão no ano precedente, de acordo com o Instituto de Desenvolvimento Exterior, um centro de estudos britânico sobre questões de desenvolvimento internacional. Críticos argumentaram que o programa ultrapassou o orçamento, criou problemas no mercado e não era viável no longo prazo. Eles também atribuíram o aumento nos rendimentos a uma boa temporada de chuvas. Mas, de acordo com Remy: “Sem os insumos eles não teriam sobrevivido a maior parte da temporada de chuvas, e o programa resolveu uma séria escassez de alimentos fornecendo segurança alimentar.” 

Agricultura de conservação: um passo à frente?

Muitas organizações agora acreditam que a agricultura de conservação possa ser o caminho certo, utilizando melhores sementes e fertilizantes naturais e reabilitando antigas técnicas, ao mesmo em que se respeita a biodiversidade local. “Queremos reabilitar e atualizar técnicas tradicionais adequadas ao meio ambiente e transferir novas tecnologias simples”, explica Thierry. Por exemplo, uma nova técnica de plantação de arroz em Madagascar, conhecida como sistema de intensificação do arroz (SIA), está sendo transferida para Ruanda (veja história adiante). Do mesmo modo, técnicas agroflorestais também têm um potencial inexplorado de melhorar a produtividade respeitando o meio ambiente natural. Nas Comores, foi estabelecido um sistema de cercas vivas para proteger o solo da erosão. Conforme ressaltado pela Aliança para uma Revolução Verde na África (AGRA), a revolução agrícola deve contar com uma gestão sólida do agroecossistema para melhorar a produtividade. A AGRA é parceira do FIDA e desenvolve programas para aumentar a produtividade agrícola protegendo o meio ambiente.
Contudo, a agricultura de conservação também tem suas limitações. Na Eritreia, o governo promoveu um sistema de áreas de exclusão da pecuária para regenerar a terra dentro do Programa de Desenvolvimento Pecuário e Agrícola de Gash Barka apoiado pelo FIDA. Em 2008, no âmbito do programa, cerca de 166.000 hectares de áreas de exclusão da pecuária foram administrados por associações de criadores. Mas, por causa da baixa precipitação atmosférica, em março de 2008 os criadores decidiram abrir cerca de 40% das áreas de pastagem para enfrentar a seca. “Por causa da seca, não alcançamos os resultados esperados”, disse Abla Benhammouche, gerente do programa de país do FIDA. A administração de recursos hídricos, especialmente em regiões propensas à seca, é outro aspecto-chave da produtividade agrícola (veja Progress, nº 8, junho de 2008, sobre água).

Acesso ao mercado

Mesmo quando todos os recursos básicos estão disponíveis, a produção ainda tem que chegar ao mercado a tempo e em boas condições. Essa é outra questão que afeta a produtividade. “É tão importante quanto prestar atenção ao aspecto da comercialização de um sistema agrícola. Os agricultores podem produzir o dobro e ganhar menos se a comercialização for ruim”, diz Livingston. Em muitos casos, por causa da falta de armazenamento e infraestrutura, a produção literalmente apodrece. Os agricultores são incapazes de proteger suas colheitas contra roedores ou de manter os produtos em boas condições para vender depois a um preço melhor. Uma iniciativa apoiada pelo FIDA na Tanzânia implementou um sistema de armazenamento para ajudar os agricultores pobres a guardar seus produtos até que os preços do mercado melhorem. Ao depositar a colheita no armazém, o agricultor recebe um recibo que pode ser utilizado para obter um empréstimo de uma associação de poupança e crédito de até 75% de seu valor (veja Progress, nº 4, junho de 2007, “Tanzania: empowering smallholders through the warehouse receipt system”).

Em seu Quadro Estratégico para 2007-2010, o FIDA priorizou a melhoria do acesso de agricultores pobres a tecnologias agrícolas e serviços de produção eficazes para aumentar a produtividade. “O desafio para o FIDA consiste em ajudar os agricultores a ter acesso a meios para melhorar a produtividade como sementes e fertilizantes e ajudá-los a adotar melhores métodos de cultivo, e reforçar os chamados serviços de extensão que apoiam a produção agrícola. Tudo isso tem que ser feito dentro das restrições das medidas para enfrentar a mudança climática”, conclui Livingston.

Para obter mais informações, entre em contato com:

Back to top


Sistema de intensificação do arroz: o caminho certo para aumentar a produtividade do arroz?

     
   
 

Um agricultor cuida de mudas de arroz em Madagascar.

 

Um sistema relativamente original de cultivo do arroz, conhecido como sistema de intensificação do arroz (SIA), foi desenvolvido no início dos anos 1980 em Madagascar, e muitos o consideram como o caminho certo para aumentar a produtividade. Onde foi implementado, mostrou que pode ajudar a elevar os rendimentos da produção acima do previsto sem aumentar os custos dos insumos.

O SIA aumenta a produção de arroz e eleva a produtividade da terra mudando a forma como a forma como os agricultores administram as plantas de arroz, o solo, a água e os nutrientes. “O SIA é uma abordagem holística ao cultivo de arroz, das mudas ao controle da água, controle das ervas daninhas e colheita”, explica Benoit Thierry, gerente do programa de país no FIDA, que teve experiência com o SIA numa série de projetos em Madagascar. As práticas do SIA resultam em solos e plantas mais saudáveis e mais produtivos apoiando um maior crescimento da raiz e nutrindo a abundância e a diversidade de organismos do solo.

Nesse sistema, as mudas são transplantadas muito cedo, geralmente entre 8 e 12 dias de crescimento, em vez de um mês, quando elas têm somente duas folhas pequenas. São plantadas cuidadosa e rapidamente para causar um trauma mínimo nas raízes; são plantadas separadamente, somente uma muda por cova, em vez de três ou quatro juntas, para evitar a competição de raízes. São amplamente espaçadas para encorajar um maior crescimento da raiz e da planta e plantadas num padrão de grades quadradas de 25 x 25 cm ou maiores. Já que as populações de plantas são grandemente reduzidas, há um corte de 80 a 90% nos custos de sementes.

Menor necessidade de água

O sistema requer um volume de água até 50% menor, já que os campos não são mantidos inundados. Um mínimo de água é aplicado durante o período de crescimento vegetativo. Durante o período de florescimento e preenchimento de grãos, somente uma cobertura rasa de água é mantida no campo. Mas esse sistema exige mão-de-obra para arrancar ervas daninhas, já que essas constituem um problema nos campos que não são mantidos inundados. É preciso arrancar as ervas ao menos uma ou duas vezes, começando de 10 a 12 dias após o transplante, e preferivelmente três ou quatros vezes antes de se fechar a copa das plantas. Na maioria dos casos, os agricultores podem usar um ancinho simples e barato, que tem a vantagem de aerar o solo ao mesmo tempo.

De um modo geral, os resultados do SIA são surpreendentes: os rendimentos podem chegar a 16 toneladas por hectare (t/ha) em algumas áreas, e geralmente sua média é de cerca de 8 t/ha onde o método é aplicado cuidadosamente. “Mesmo sem atingir esses níveis extremos, se os rendimentos tradicionais dos pequenos agricultores são menores do que 2 t/ha, já é um grande resultado quando os mesmos dobram”, diz Thierry. De 1997 a 2008, o SIA foi implementado com sucesso no nordeste e sul de Madagascar, onde os rendimentos aumentaram de 1,7 para 4,3 t/h sem o uso de fertilizantes químicos. Na área de Mandrare no sul, a produção anual aumentou de 1.500 para 25.000 toneladas entre 1998 e 2008 em 5.000 hectares (www.phbm.mg), enquanto na área de Padane, no nordeste, o SIA foi adotado em cerca de 2.000 hectares (www.padane.mg).

Em Ruanda, o método SIA foi introduzido em 2006 dentro do Projeto de Apoio ao Plano Estratégico para a Transformação da Agricultura (PAPSTA). O cultivo em duas áreas mostrou o potencial do SIA. Em Kibaza, a produção de arroz aumentou de 4 t/ha para pelo menos 6 t/ha, num total de 135 toneladas. Em Rwabutazi, a produção aumentou de 4 t/ha para pelo menos 7 t/ha, num total de 401 toneladas em 2008. O SIA já começou a ser aplicado nas zonas pantanosas de outro projeto em Ruanda, o Projeto de Apoio ao Setor Rural (RSSP), com potencial de reprodução em todo o mundo.

Fora da África, a Academia de Ciências Agrícolas de Sichuan, na China,

realizou um levantamento de cerca de 100 fazendas em 2004, comparando rendimentos obtidos pelo método SIA com os obtidos por métodos modernos com alto nível de insumos: estes renderam uma média de 7,5 t/ha, enquanto os lotes de SIA renderam uma média de 10,5 t/ha. 

Aproveitamento do conhecimento tradicional

   
 

Dois agricultores cuidam de sua plantação de arroz na região de Menabe, Madagascar.

 

“O bom do SIA é que o treinamento e o trabalho de extensão utilizam o conhecimento tradicional dos rizicultores, em vez de impor um pacote tecnológico caro e complexo”, diz Thierry.

Críticos do método SIA argumentam que não há provas científicas de seu valor agregado. Eles também dizem que depende muito do ambiente certo e não pode ser transposto facilmente de uma região para outra. Em sua visão, o método não fornece uma resposta global para aumentar os rendimentos da produção de arroz e resolver questões de segurança alimentar.

Em Ruanda, por exemplo, uma série de fatores impede a realização completa do potencial do SIA, mas estes se referem ao estado da infraestrutura e da organização no país e não ao próprio método. Como resultado da apropriação acelerada de zonas pantanosas no país, a área de cultivo de arroz se expandiu, causando uma demanda maior de sementes e a consequente escassez. Como resultado, os agricultores estão cultivando sementes de baixa qualidade que rendem comparativamente muito menos. A distribuição e o acesso desigual à água constituem outra restrição, particularmente durante a época seca. Muitas vezes, em novas zonas pantanosas a água é suficiente, mas não é distribuída de forma equitativa, ou os agricultores ficam sem acesso ao abastecimento de água em resultado de dificuldades técnicas. Além disso, é difícil organizar a comercialização coletiva da produção. Os produtores comercializam seu arroz individualmente e, como resultado, conseguem preços relativamente baixos.

O SIA ainda está em evolução, e melhorias são feitas continuamente, como melhores implementos e técnicas que reduzam ainda mais os requisitos de mão-de-obra. A maioria dos levantamentos até agora mostra um claro aumento nos rendimentos. Defensores do método encorajam os agricultores a fazer suas próprias melhorias no SIA e a trocar experiências dentro da comunidade agrícola em todo o mundo. “Eu acredito muito no SIA, já que não se baseia numa espécie de arroz ou tipo de insumo, é flexível e se adapta às necessidades de cada tipo de rizicultor no mundo”, conclui Thierry. “O SIA se baseia puramente em práticas agronômicas adequadas.”

Para obter mais informações, entre em contato com:

Back to top


 

 

Histórias do campo:


Um modelo para integrar a pecuária e horticultura em Ruanda

     
   
 

Uwizeye Goreth, do distrito de Kirehe, Ruanda, usa esterco de cabra para fertilizar sua horta.

 

Um modelo inovador para aumentar a produtividade agrícola através da interação da pecuária com a horticultura foi introduzido em Ruanda em 2006 dentro do Projeto de Apoio ao Plano Estratégico para a Transformação da Agricultura (PAPSTA) do FIDA. O modelo foi estabelecido em parceria com a ONG Send a Cow, que desenvolveu o conceito e o implementou em outros países africanos.  “Nosso modelo envolve três elementos principais: desenvolvimento social em um grupo de agricultores, criação de animais e cultivo de legumes em hortas”, explica Henry Pomeroy, diretor internacional de arrecadação de fundos da Send a Cow em Ruanda. O PAPSTA, que apoia a substituição da agricultura de subsistência pela de mercado, está sendo executado em seis distritos de Ruanda.

O modelo rotativo de pecuária da Send a Cow ajuda a aliviar a pobreza mediante a introdução de vacas e cabras geneticamente melhoradas, aumento da fertilidade do solo com o uso de esterco e urina e melhoria da produtividade dos pequenos ruminantes em pequenas propriedades agrícolas que não podem sustentar uma vaca. Ao mesmo tempo, os agricultores são encorajados a cultivar legumes e verduras como uma forma de aumentar sua renda e melhorar a nutrição. No âmbito do esquema em Ruanda, 600 agricultores em grupos de cerca de 35 receberam treinamento em técnicas de pecuária e horticultura, assim como em questões sociais como dinâmica de grupo, gênero e resolução de conflitos.

No início, um comitê composto de autoridades locais e representantes de agricultores identificou agricultores pobres na área do projeto. Os agricultores foram treinados por seis meses a fim de prepará-los para receber os animais. Eles aprenderam como cultivar forragem suficiente para os animais sem pastoreio e como construir um abrigo conforme as especificações de Send a Cow. Eles aprenderam também a fazer adubo de esterco e utilizá-lo como fertilizante natural em pequenas hortas nas proximidades de suas casas. Uma vez terminado o treinamento, cada um dos agricultores recebeu uma bezerra prenha ou três cabras.

“Havia um pré-requisito para receber os animais: cada família tinha que cultivar sua horta e usar adubo, seguindo a técnica que ensinamos”, explica Pomeroy. Os cultivos incluem cenouras, repolho, berinjela, alho-poró e tomates. “É um processo integrado de lavoura e pecuária. Eles trabalham juntos”, acrescenta. Além disso, a vaca fornece leite à família, um produto que é escasso em Ruanda. “Agora não só as famílias são auto-suficientes, mas também estão produzindo um excedente que podem vender no mercado”, ele diz.

Transformação das comunidades

Uma regra importante do modelo da Send a Cow é que o agricultor que recebe os animais deve repassar a primeira cria fêmea para outro agricultor pobre identificado pelo comitê. Esse sistema garante a sustentabilidade do projeto e reduz os custos. Além disso, leva a um processo transformacional através do qual uma pessoa pobre se torna doadora dentro de sua própria comunidade. “Os agricultores recebem em espécie, e dão em espécie”, diz Pomeroy. Isso tem um efeito profundo sobre a auto-estima e a situação social do agricultor. Além disso, eles são encorajados a compartilhar os conhecimentos que adquiriram no treinamento. Agora, as hortas estão sendo copiadas por vizinhos. “É difícil quantificar, mas na área do projeto é realmente tangível e você pode ver hortas prósperas em volta das casas”, diz Claus Reiner, gerente do programa de país do FIDA para Ruanda.
 
Dois anos depois, Send a Cow colocou um total de 400 vacas (200 por ano) e deu cabras a 800 famílias (400 por ano) nos três distritos que cobre para o PAPSTA. “No total, 1.200 famílias já se beneficiaram do projeto”, diz Reiner. Para o êxito do projeto, foi crucial o recrutamento de três funcionários de extensão, baseados em cada um dos três distritos, próximos dos grupos. Eles assessoram os agricultores sobre questões de veterinária e também fornecem serviços de inseminação artificial quando as vacas são férteis. O apoio intensivo de extensão é essencial nos dois primeiros anos para o êxito do projeto.

Uwizeye Goreth, de Nyanza, Província do Sul, explica: “As cabras que recebemos, mais o treinamento em técnicas naturais de agricultura, transformaram nossa vida familiar. O esterco das cabras rejuvenesceu o solo de nosso pequeno lote e esperamos melhores rendimentos de feijão-vagem nessa estação.

 “Nossa família agora pode comer legumes e verduras o ano todo e geramos renda com a venda dos excedentes, o que nos permite comprar artigos para a casa como sal, querosene e sabão.”

Este ano, mais 900 famílias serão treinadas e receberão animais assim que a forragem e os abrigos estiverem prontos. Os agricultores iniciais continuam a receber apoio dos funcionários de extensão. O esquema da Send a Cow também funciona em Uganda, Etiópia e Lesoto com financiamento do FIDA.

Mais informações

Para obter mais informações, entre em contato com:

Back to top


Escolas de campo agrícolas ajudam a transformar a vida dos agricultores em Zanzibar

     
   
 

Mwashamba Alhaji, presidente do grupo de agricultores de Nguvu Sawa, mostra um cartaz para seu grupo.

 

Com o passar dos séculos, o Arquipélago de Zanzibar, na costa da África Oriental, também conhecido como Ilhas das Especiarias e que faz parte da República Unida da Tanzânia, foi um importante centro internacional de comércio de produtos primários. Contudo, os ilhéus nem sempre se beneficiaram do comércio, já que os principais atores eram estrangeiros. Hoje, os níveis de pobreza ainda estão muito altos em vários grupos socioeconômicos, especialmente pequenos agricultores nas áreas rurais.

Para melhorar a subsistência e ajudar a aumentar a produtividade agrícola, um programa apoiado pelo FIDA, o Programa de Apoio aos Serviços Agrícolas e Programa de Desenvolvimento do Setor Agrícola - Pecuária (ASSP/ASDP-L), implementou uma abordagem inovadora de educação para adultos: escolas de campo agrícolas. Diferentemente das abordagens tradicionais, nas quais funcionários de extensão prestam assessoria aos agricultores, as escolas de campo agrícolas possibilitam que grupos de agricultores descubram as respostas por si mesmos. Isso significa que os agricultores podem desenvolver soluções para seus próprios problemas. É muito mais provável que eles coloquem em prática o que aprenderam do que se tivessem recebido soluções prontas, mas possivelmente inapropriadas. Constatou-se que essas escolas constituem uma abordagem muito útil para ajudar os agricultores africanos a melhorar a forma como administram suas terras e água. Vários projetos por toda a África mostraram que essa abordagem resulta em melhoria dos solos, elevação dos rendimentos e aumento da renda para os agricultores. A abordagem foi desenvolvida primeiramente no Sudeste da Ásia no final dos anos 1980 para o controle de pragas.

Em Zanzibar, foram estabelecidas escolas de campo agrícolas em pecuária e agricultura para melhorar as técnicas de produção. Até o final de 2008, o ASSP/ASDP-L estabeleceu 217 escolas de campo agrícolas, com um total de 4.192 agricultores. O treinamento, dado por facilitadores que são funcionários profissionais de extensão agrícola e trabalham com o ASSP/ASDP-L, vai da gestão de atividades da pecuária até a seleção de melhores sementes que renderão uma boa colheita.

Os membros das escolas de campo agrícolas se envolvem numa atividade agrícola que depende da lavoura cultivada na área. Algumas escolas estão envolvidas no cultivo de bananas, arroz, mandioca ou legumes, enquanto outras se dedicam à pecuária. Pouco mais da metade dos agricultores que frequentam as escolas de campo agrícolas são mulheres. “A maioria dessas escolas é liderada por mulheres, num esforço para assegurar a alta participação das mulheres em atividades econômicas”, disse Zaki Khamis, coordenador do programa ASSP/ASDP-L em Zanzibar.

Mwajina Hassan Nassib, esposa de um soldado aposentado, cultiva legumes e mantém uma cabra leiteira em sua horta em Kitope, cerca de 20 km ao norte da cidade de Zanzibar. Seu terreno tem mais ou menos um hectare. Ela cultiva tomate, amaranto, cebola, berinjela e outros produtos, que ela vende localmente a consumidores individuais e hotéis próximos. Ela é um dos agricultores que se beneficiaram do treinamento nas escolas oferecido pelo ASSP/ASDP-L. Seus vizinhos também adotaram os novos métodos de cultivo.

“Estou lucrando mais do que antes”, disse. “Agora posso pagar a escola para meus filhos e posso ajudar outros membros da família.” A cabra de Mwajina fornece esterco para sua horta; assim, ela não precisa comprar fertilizantes industriais. Ela ganha dinheiro vendendo legumes, e com isso pode comprar remédios e ração para sua cabra. Na sua opinião, a comercialização não é um problema, já que o mercado não está saturado. Mas ela enfrenta outros desafios. Um deles é a escassez de água para irrigar a horta durante a estação seca. “Às vezes, uso água da torneira para irrigação, mas é muito caro, já que tenho que pagar uma conta mensal. E isso reduz a margem de lucro da produção”, explicou.

As aves domésticas representam uma importante fonte de renda para os pequenos agricultores em Zanzibar. Os agricultores antes utilizavam um método orgânico por meio do qual as galinhas ficavam livres para buscar alimento. Não tinham abrigo e alimentação apropriada, resultando em baixa produção de aves e perda de renda. As escolas de campo agrícolas estabeleceram grupos de 15 a 20 agricultores, fornecendo-lhes o conhecimento e as habilidades para administrar melhor as suas atividades agrícolas. Eles aprenderam a desenvolver um sistema semi-intensivo e a construir um galinheiro.

   
 

Alunos da escola de campo agrícola de Penye Nia Pana Njia escutam um facilitador durante uma sessão de treinamento.

 

Mwashamba Alhaji é uma avicultora. Ela também lidera um grupo de agricultores chamado Nguvu Sawa (literalmente, ‘Oportunidades Iguais para Todos’), baseado em Jumbi nos arredores de Stone Town. “Há anos praticava um sistema orgânico, que agora percebo ser uma perda de tempo e de recursos. Eu não tinha tanto lucro quanto estou tendo agora com o uso de tecnologias melhores de avicultura”, ela disse. “De acordo com o método antigo, se você quisesse vender suas galinhas era difícil pegá-las. Agora, as galinhas estão parcialmente confinadas; assim, fica mais fácil manejá-las. Da mesma forma, se você as mantém livres, há uma série de desvantagens, como animais predadores, roubo e mesmo a transmissão de doenças”, acrescentou. Seus vizinhos ficaram cientes da boa renda que ela estava ganhando com a criação de aves domésticas. Eles também começaram a adotar o novo método. “Organizei meus vizinhos em um grupo, e coletivamente juntamos material de construção para nosso galinheiro, que serve de centro de treinamento para o grupo e onde aprendemos novas práticas agrícolas e compartilhamos habilidades com os outros”, ela explicou.
    
Apesar de muitos desafios, o impacto do ASSP/ASDP-L é claro, à medida que a comunidade se torna mais consciente dos benefícios do treinamento em avicultura e horticultura. A pobreza ainda é um grande desafio e a maioria dos agricultores não pode realizar suas atividades agrícolas como gostariam. Contudo, como demonstrou Khamis, o bom dessa iniciativa é o fato de que os agricultores recebem conhecimento teórico e prático. “A iniciativa ajuda os agricultores a administrar suas atividades de forma lucrativa, e assim os habilita a lutar contra a pobreza”, disse Khamis.

Para obter mais informações, entre em contato com:

Back to top


 

 

Notícias e eventos



Relatório sobre o seminário regional de implementação 2008

Em 2008, o seminário de implementação regional foi realizado de 10 a 14 de novembro em Kampala, Uganda. As discussões focalizaram o tema “Parcerias público-privadas: o futuro do desenvolvimento agrícola”.

O objetivo desse seminário, realizado pelo Governo de Uganda, foi trocar experiências e lições acerca deste tema aprendidas na implementação do projeto. O seminário atraiu mais de 180 participantes de 21 países na região e da sede do FIDA.

Os participantes trocaram experiências sobre parcerias público-privadas de chá em Ruanda, alfafa na Suazilândia, lã e mohair em Lesoto, cultivo de raízes no Zimbábue, promoção de cadeias de valor em Uganda e marketing com tecnologia SMS na Zâmbia.

Os participantes também fizeram visitas a programas e projetos financiados pelo FIDA em Uganda, incluindo o Projeto de Desenvolvimento de Óleos Vegetais (VODP), o Programa de Modernização da Agricultura baseado na Área (AAMP), o Programa Rural de Serviços Financeiros e o Programa Nacional de Serviços de Assessoria Agrícola (NAADS). A parceria público-privada no projeto de palmeiras oleaginosas na ilha de Bugala foi destacada como um exemplo altamente bem-sucedido que deve ser copiado.

Para formar parcerias público-privadas bem-sucedidas, os participantes identificaram a necessidade de políticas e diretrizes nacionais claras para permitir que as partes interessadas compreendam e desempenhem os respectivos papéis. Igualmente importante é a necessidade de fortes organizações agrícolas para assegurar os benefícios econômicos para os pequenos agricultores e a inclusão social dos mesmos. O FIDA foi elogiado pelo apoio a esses agricultores através do fortalecimento das organizações de agricultores.

Os participantes identificaram a gestão do conhecimento e claras estratégias de comunicação em projetos como elementos essenciais para possibilitar o aprendizado de lições e a reprodução de experiências bem-sucedidas.

Os participantes do seminário também discutiram as novas mudanças nas políticas do FIDA, particularmente a adoção da supervisão direta, que visa a melhorar a qualidade dos programas nacionais financiados pelo FIDA.

Para obter mais informações, entre em contato com:

Back to top


Equipe de País do FIDA para a Tanzânia: altas aspirações para atingir as metas

De 27 a 31 de janeiro, a equipe do Programa de País do FIDA para a Tanzânia realizou uma reunião de avaliação do COSOP em Dar es Salaam, seguida de um evento de formação de equipes em Zanzibar. Os membros da equipe de país que participaram dos dois eventos examinaram progresso e desafios na implementação da carteira da Tanzânia durante 2008. Eles também discutiram estratégias para uma melhor implementação do programa em 2009 sob o tema “Melhor Desembolso”. Uma característica dos dois eventos foi que o diretor do ESA esteve representado pelo economista regional na avaliação do COSOP; além  disso, o evento de formação de equipes foi facilitado pelo gerente sênior de programa do PMD (Cheikh Sourang) e pelo assessor de carteira do ESA (David Rendall).

Durante o seminário de formação de equipes, os participantes trabalharam para internalizar os resultados da avaliação do COSOP em suas respectivas intervenções nos projetos. As questões relacionadas ao plano de trabalho e orçamento anual, gestão do conhecimento, desembolso e sistemas de gestão dos resultados e do impacto foram discutidas a fundo. Os participantes também fizeram visitas para conversar com os pequenos agricultores em suas localidades. A visita de campo foi um exercício genuíno de aprendizado, pois os participantes tomaram conhecimento dos desafios e oportunidades do setor agrícola em contato direto com os envolvidos. Os participantes concordaram em ampliar a troca de conhecimento entre projetos e todos os outros parceiros dentro e fora do FIDA. Ao final dessas duas reuniões importantes, a equipe elaborou um Plano de Ação para 2009 considerado específico em relação ao objetivo, com metas que podem ser monitoradas facilmente a fim de que o FIDA alcance o objetivo de ajudar os pobres rurais a superar a pobreza na Tanzânia.

Mais informações:

Para obter mais informações, entre em contato com:

Back to top

 


Doações, empréstimos e COSOPS aprovados pela Diretoria Executiva, dezembro de 2008

Doações Regionais

Empréstimos e doações a países

Programas de Oportunidades Estratégicas (COSOPs)

Foi apresentado um COSOP para a Etiópia

 Back to top

 


Doações, empréstimos e COSOPs a serem aprovados pela Diretoria Executiva, abril de 2009

Empréstimos e doações a países

Back to top


Nomeações

Não houve nomeações durante esse período.

Back to top