Número 18 – outubro de 2011

Mensagem do Diretor

   
 

 

Membros do clube Kapaco em sua estufa - IFAD/D.Magada    

Na África as mulheres exercem muitas atividades nas áreas rurais. Cuidam da casa, alimentam a família, praticam agricultura e, para equilibrar o orçamento, muitas vezes geram renda adicional vendendo produtos ou dirigindo microempresas. Seja fazendo cestas, produzindo cosméticos naturais ou vendendo alimentos e bebidas, tendem a atuar em microescala, gerando baixos retornos.  Além disso, suas empresas frequentemente são operadas a tempo parcial em casa, onde é difícil separar o trabalho comercial do não comercial. Por isso, não se consideram empresárias, mesmo que o sejam. Além disso, em muitos países não se beneficiam da igualdade de direitos econômicos e sociais, o que as impede de desenvolver empresas sólidas. Por exemplo, o acesso a recursos e financiamento, que é crucial para iniciar e consolidar uma empresa sustentável, em geral é reservado aos homens pela tradição e costume local.

Dadas essas condições, as contribuições econômicas e o potencial empresarial das mulheres continuam em grande parte inaproveitados. Reconhecendo esse fato, o FIDA se comprometeu a atender as necessidades específicas das empresárias nas comunidades rurais pobres em todas as etapas de seus programas e projetos, desde a preparação até a implementação. Isso geralmente é informado por uma análise das restrições e oportunidades relacionadas a gênero no programa proposto. A promoção das atividades comerciais das mulheres geralmente requer enfoques práticos baseados na análise do ambiente empresarial local com uma lente específica de gênero. Isso ajuda a elaborar intervenções que respondam diretamente às questões empresariais de gênero que surgem. Com ajuda e apoio, as mulheres podem levar adiante suas microempresas, saindo de um ciclo de pobreza extrema e ganhando confiança para assumir novos empreendimentos.

Como mostra este boletim, ao reconhecer esse potencial inaproveitado, muitos programas e projetos na África Oriental e Meridional começaram a ajudar as mulheres a se tornar empresárias bem-sucedidas por si mesmas.
Ides de Willebois


Artigo geral sobre mulheres empreendedoras

As mulheres pobres que vivem em áreas remotas geralmente não são consideradas como empresárias. Contudo, muitas dessas mulheres são extremamente empreendedoras, aproveitando ao máximo cada oportunidade econômica que encontram. Elas podem operar em pequena ou microescala; mas, juntas, essas empreendedoras fazem uma importante contribuição ao desenvolvimento econômico de seus países. Infelizmente, sua contribuição nem sempre aparece nas estatísticas nacionais e permanece parcialmente invisível porque é encarada como um meio informal de sobrevivência, em vez de uma participação ativa na economia do país. Não só o papel das mulheres é fundamental para garantir a segurança alimentar e a produção econômica, mas suas atividades empresariais são igualmente importantes para ajudar a firmar sua posição social e melhorar o equilíbrio de gênero. Já que todos esses fatores estão no centro do mandato do FIDA, seus projetos e programas também se concentram em ajudar a desenvolver o potencial empresarial das mulheres. 

Limitações para as pequenas e microempresas

Em muitas sociedades, particularmente na África, as mulheres não desfrutam das mesmas oportunidades que os homens. Uma série de restrições torna difícil, e às vezes impossível, para as mulheres melhorar sua produção continuamente. As restrições incluem acesso precário a informações de mercado, tecnologia e financiamento; vínculos fracos com os serviços de apoio; políticas e regulamentações desfavoráveis. Essas restrições são exacerbadas pela necessidade de competir num ambiente agressivo com rápidas transformações tecnológicas e a globalização da produção, comércio e fluxos financeiros. Mesmo se muitas das restrições são compartilhadas por micro, pequenas e médias empresas dirigidas tanto por homens como por mulheres, as empresárias enfrentam obstáculos adicionais vinculados à cultura local e o papel da mulher na sociedade. Por exemplo, em alguns países as mulheres não podem possuir terras. Em outros, enfrentam dificuldades para acessar os serviços financeiros, que por tradição e cultura são reservados aos homens na comunidade.

As proprietárias de empresas enfrentam muito mais restrições e recebem bem menos serviços e apoio que os homens. Além disso, os homens tendem a assumir a produção e comercialização (até mesmo das lavouras de mulheres) quando estas se tornam lucrativas. As normas sociais podem impedir que as mulheres exerçam algumas atividades empresariais.

Quando têm oportunidade, as mulheres são gerentes extremamente capazes, cheias de iniciativa mesmo quando contam com educação limitada ou pouca experiência. Em geral, precisam de um ambiente favorável e capacitação apropriada. “Constatamos que as mulheres tendem a ser mais confiáveis que os homens, mas mais conservadoras ao assumir riscos,” afirma Ueli Scheuermeier, diretora de RAVI, uma companhia empenhada em melhorar o acesso a mercados e tecnologias na África Oriental e Meridional.

A chave para melhorar o acesso das mulheres a oportunidades econômicas é proporcionar-lhes acesso a ativos, know-how, tecnologias, crédito e capacitação para melhorar suas habilidades empresariais e comerciais, seja na produção artesanal ou indústrias de alta tecnologia. Também é importante aumentar a participação das mulheres nas organizações de produtores rurais. O FIDA faz um esforço especial para promover a igualdade de gênero e a emancipação das mulheres ao abordar essas questões nos programas financiados.

Aproveitando a capacitação fornecida

Pauline Samata, mãe solteira de quatro crianças na Tanzânia, conseguiu estabelecer uma empresa bem-sucedida de bambu com ajuda de um projeto apoiado pelo FIDA. Ela se tornou um modelo para outras mulheres da comunidade. Sua energia e empreendedorismo permitiram que ela estabelecesse não só uma empresa próspera, mas também uma oficina de capacitação para que outras mulheres sigam seu exemplo.
Graças a um intercâmbio sul-sul organizado com uma doação do FIDA à International Network for Bamboo and Rattan (INBAR), Samata descobriu o vasto potencial do bambu. Nas Filipinas, ela aprendeu a usar o bambu para construir casas, e na China lhe mostraram como fazer móveis de bambu, cestas para escritórios e carteiras para escolas. "Não conhecia as maravilhas dessa planta até o dia em que o FIDA e INBAR me mandaram fazer treinamento na China e Filipinas," diz Samata. "Por isso, quero que todos conheçam o potencial do bambu e aprendam todas as coisas que podem ser feitas com essa planta."

Hoje, a empresa de Samata está crescendo. Ela estabeleceu uma oficina a 10 quilômetros de sua aldeia e agora pode pagar aos habitantes locais para cortar e coletar bambu. Além disso, tomou a iniciativa de compartilhar suas novas habilidades com outras mulheres da área, ao criar o Mbeya Bamboo Women’s Group.

Juntas, fazem vários produtos, como cestas, cadeiras e mesas, e até criaram um catálogo de produtos distribuído em escritórios e hotéis. Além disso, conseguiram garantir uma receita fixa de 3 milhões de xelins (US$1.900) vendendo seus produtos a Shoprite em Dar es Salaam. "As mulheres ganham 50.000 xelins (US$31) por mês," diz Samata. "Elas usam sua renda para pagar a escola dos filhos, alimentos e medicamentos, e todo mês conseguem poupar ao menos 5.000 xelins (3 dólares)." O sonho de Samata é capacitar o maior número possível de pessoas. "Preciso despertar maior conscientização entre os tanzanianos para que mais pessoas entendam os benefícios do bambu e aprendam a usá-lo para diferentes objetivos," explica. "Assim podem se ajudar a superar a pobreza."

Em Malawi, outro grupo de mulheres aproveitou a capacitação que receberam sobre enxerto de mudas de manga num projeto apoiado pelo FIDA. Antes da capacitação, as mulheres vendiam mudas de mangueira a um preço muito baixo. Com suas novas habilidades, melhoraram a variedade da planta para produzir mais frutas e vendê-las a um preço mais alto. Hoje, seu clube de horticultura continua crescendo e planejam abrir uma loja na capital, Lilongwe (veja história adiante).

Apoio a empresas iniciantes

Em muitos casos as empresárias têm habilidades muito especializadas, mas não contam com a visão para expandir além de seu ambiente imediato. Por exemplo, podem saber fazer um produto específico e vendê-lo no local, mas não têm conhecimento para aumentar a escala de produção e encontrar novos mercados. Nesse aspecto, os programas e projetos do FIDA podem ajudá-las. Em Madagascar, o Programa de Polos de Microempresas Rurais e Economias Regionais (PROSPERER) recentemente ajudou três microempresas dirigidas por mulheres a juntar forças e ganhar um contrato maior para decorar chapéus para a comemoração do Dia Nacional da Independência. A iniciativa foi bem-sucedida, na medida em que ajudou as mulheres a entender os benefícios de trabalhar como uma equipe de microempresas e visar a mercados maiores. PROSPERER apoia o desenvolvimento de atividades mais organizadas, criando serviços eficientes de desenvolvimento empresarial que atendem as necessidades das pequenas e microempresas rurais (veja história adiante).

Um projeto semelhante em Ruanda, Projeto de promoção de microempresas e pequenas empresas rurais (PPMER), promove microempresas rurais, particularmente para grupos vulneráveis, inclusive mulheres. Capacita organizações profissionais, como cooperativas ou associações comerciais, a fornecer serviços de apoio para empresas iniciantes.  Ao receber apoio de uma associação local ou grupo comercial, as jovens empresárias adquirem a confiança de que necessitam para desenvolver suas empresas. O projeto também apoia o desenvolvimento de uma política nacional e plataforma de diálogo para PME.

Além disso, as empresárias em geral não dispõem de conhecimento sobre os aspectos operacionais de uma empresa, como contabilidade, planos de negócios e estratégias financeiras. Isso as impede de ter acesso ao setor bancário formal e prejudica o crescimento da empresa. Nesse sentido, os programas e projetos do FIDA podem ser muito úteis com apoio aos grupos e associações para ajudar as empresárias a aumentar seu conhecimento acerca das operações comerciais. Essas associações também podem ajudá-las a desenvolver suas habilidades de comercialização para atingir mercados maiores.

Promovendo o espírito empresarial

Na África, como no resto do mundo, para ser um empresário é preciso acima de tudo ter o discernimento para aproveitar as oportunidades que surgem e transformá-las em atividades lucrativas. Maimuna Omary Ikanga, uma tanzaniana na faixa dos 40 anos, é um excelente exemplo do que pode acontecer quando se tem espírito empreendedor, mesmo numa região remota do país.  Maimuna inicialmente se beneficiou do sistema de recibos de armazenamento estabelecido pelo FIDA na última década. Esse sistema permite que os agricultores tomem um empréstimo antes da venda de sua produção, usando como garantia os produtos armazenados. Assim, podem aguentar melhor o tempo difícil entre as colheitas e não vender os produtos a um preço menor em caso de necessidade.

Em 2006, Maimuna teve uma boa colheita e, graças ao sistema de recibos de armazenamento, pôde armazenar os grãos até vendê-los a um bom preço. Naquele ano, quase duplicou sua renda.  Ela investiu o lucro numa antena parabólica, um televisor e um gerador. Já que a fonte de eletricidade mais próxima fica a 15 quilômetros, era uma grande atração para a comunidade. Durante a Copa do Mundo, ela cobrou entrada para as pessoas assistirem aos jogos, e ganhou mais dinheiro do que imaginava. Depois disso, tornou-se presidente da Cooperativa de Poupança e Crédito (SACCO) e está dirigindo uma rede local online que ajuda a garantir transações comerciais. “Ela é extremamente empreendedora e sabe calcular,” afirma Scheuemeier, que apoia a rede regional de empresários da qual Maimauna faz parte. Embora não seja analfabeta, é limitada por não saber inglês (fala somente Swahili). Mas isso não a desencoraja. “Meu filho sabe inglês e pode me ajudar a usar a internet.”

O exemplo de Maimuna pode ser excepcional devido ao seu forte espírito empreendedor.

Contudo, muitas outras mulheres que vivem em áreas remotas também podem ser bem-sucedidas. Já que muitas são jovens empresárias, ainda precisam de ajuda de modo a gerar renda suficiente para ser reinvestida na empresa em vez de usada para sobrevivência. Com apoio de uma organização como o FIDA, esse nível de êxito pode ser atingido pelas mulheres que tentam ganhar a vida usando seu espírito empreendedor, iniciativa e criatividade.

Para mais informações:


Histórias do campo

Malawi: aprendendo novas técnicas de horticultura para elevar a renda

   
 

 

Sapithinka, presidente do clube Kapaco - IFAD/D.Magada    

Lobi é uma das áreas mais remotas de Malawi, localizada a oeste da cidade de Dedza ao longo da fronteira com Moçambique. Leva uma hora numa estrada de terra para chegar a essa área. Até recentemente, os agricultores não conseguiam produzir o suficiente para garantir a segurança alimentar, mas tinham que contar com colheitas erráticas e limitadas de hortaliças e milho que em geral acabavam antes da colheita seguinte.

Quando o Projeto de subsistência rural e desenvolvimento agrícola (IRLADP) chegou ao distrito de Dedza, muitos pequenos agricultores tiveram a oportunidade de aprender novas técnicas e descobrir maneiras mais rentáveis de ganhar a vida. O projeto, financiado pelo FIDA e Banco Mundial, visa a aumentar a produtividade agrícola e a renda líquida das famílias rurais proporcionando um pacote integrado de apoio que inclui irrigação, serviços de assessoria agrícola, comercialização e bens e serviços após a colheita. O IRLADP foi implementado em 11 distritos no norte, centro e sul de Malawi.

Construindo estufas

Uma das associações que participaram do projeto é a Lobi Horticultural Association. Formada em 1998 para cultivar mudas de mangueira e limoeiro, a associação tem 1.778 membros, sendo 1.226 mulheres. Recebeu uma doação para ajudar a construir estufas e comprar insumos e equipamentos, como carrinhos de mão, tubos de plástico e mudas. “Apresentamos ao IRLADP uma proposta de estufa, porque achamos que precisávamos disso para aumentar a produção,” explica Alice Guburu, secretária da associação. “Depois que começamos a trabalhar com o projeto, aumentamos para sete o número de estufas,” acrescentou. A associação está dividida em seis clubes de horticultura em três zonas; cada clube opera duas estufas que são responsáveis pela produção de mudas. As outras estufas são administradas diretamente pela associação em benefício de todos.

Enxertando mudas

Os membros da associação também receberam capacitação em enxerto de plantas; os agricultores passaram a vender mudas de alta qualidade, que rendem mais frutas, a um preço mais elevado. “Costumávamos vender cada muda de mangueira não enxertada por 20 kwachas (US$0,13). Agora vendemos a planta enxertada por 200 kwachas (US$1,32),” diz Sapithirika, presidente do Clube Kapaco, o mais bem-sucedido desses clubes. “Antes de termos o conhecimento e a estrutura da estufa, nossas plantas estavam morrendo ou eram destruídas por animais.”

O Clube Kapaco, com 45 membros (sendo 42 mulheres), acumulou quase 600.000 kwachas (US$3.973) em sua conta bancária produzindo e vendendo mudas de mangueira. Em 2008, o clube vendeu 1.500 mudas não enxertadas por 30.000 kwachas (US$198). Em 2009, após aprender a nova técnica de enxertia, o clube ganhou 250.000 kwachas (US$1.655) com a venda de mudas. A receita em 2010 chegou a 300.000 kwachas (US$ 1.986), com uma produção de 1.500 mudas. Os membros do clube cultivam berinjela, tomate e milho para consumo e venda. Como em outros clubes, a renda de cada agricultor depende da sua produção e da qualidade das mudas.

Vendendo e comercializando

O projeto também proporcionou capacitação em liderança, gestão de viveiros e comercialização. Cada clube é responsável pela produção e gestão das estufas, e a associação é responsável pela comercialização e venda. “Temos um comitê de comercialização que examina as mudas para verificar se atingiram o estágio de amadurecimento para serem vendidas e busca mercados,” explica Sapithirika. Às vezes, os compradores vêm pessoalmente e às vezes os agricultores negociam por telefone ou levam uma amostra das mudas para os compradores. O principal comprador é uma organização não governamental, Concern Universal.

A associação não cobra comissões sobre as vendas, mas os membros pagam uma taxa anual de MK 150 (US$1). A associação usa a renda de sua estufa para pagar seus empregados – um escriturário, um vigia e dois jardineiros – e combustível para o transporte. O dinheiro também é usado para comprar mais insumos agrícolas, e o resto é depositado numa conta bancária em Dedza, a cerca de 40 quilômetros. “Em 2010 depositamos MK 85.000 (US$563). Este ano, estamos esperando para vender as mudas,” diz Alice.

Um futuro melhor

   
 

 

Mary na porta de sua nova casa com sua bicicleta – IFAD/D.Magada    

Os membros acham que sua vida melhorou substancialmente desde 2008, quando o projeto começou a apoiar a associação. “Todos nós nos beneficiamos muito com o projeto. Agora temos alimentos que duram até a próxima colheita, muitos têm um bom telhado em sua casa, nossos filhos frequentam a escola e compramos bicicletas,” afirma Sapithirika. “Também conseguimos comprar aparelhos domésticos e fertilizante. Usamos nosso dinheiro para manter a estufa e investimos numa máquina para moer milho e alimentar nossas famílias. Muitas pessoas vêm ver o que estamos fazendo e planejamos abrir uma loja na capital, Lilongwe.”

Mary, 45 anos e sete filhos, faz parte da Associação de Horticultura de Lobi no Clube Chikondano. Ela morava com sua mãe, mas construiu sua própria casa em 2009 depois de vender mudas enxertadas. “Enxertei 370 mudas em 2008, e em 2009 a associação identificou um mercado com Concern Universal. Consegui vender minhas mudas por 200 kwachas (US$1,32) cada, ganhando 74.000 kwachas (US$490) no total. Com esse dinheiro comprei placas de metal para meu telhado, que custaram 45.000 kwachas (US$298). Também paguei 1.500 kwachas (US$10) a um rapaz para fazer tijolos e 20.000 kwachas (US$132) ao pedreiro para construir a casa,” explica.

Em 2009, Mary enxertou 400 mudas, que ela vendeu a Concern Universal através da associação, ganhando 80.000 kwachas (US$530). “Comprei uma bicicleta e depositei o resto numa conta bancária,” afirmou. Ela guardou uma parte do dinheiro para comprar insumos agrícolas e fertilizante para a próxima estação. Além disso, comprou milho para consumo, aproveitando o baixo preço, e o guardou em sua casa. Ela também possui animais.

Os seis filhos de Mary, entre 12 e 20 anos, frequentam a escola secundária, embora estejam um pouco atrasados porque começaram tarde. “Antes não podia pagar a escola,” explica. Ao contrário da escola primária, que é gratuita em Malawi, as escolas secundárias cobram uma taxa. Ela tem muito orgulho de sua filha mais velha, que se qualificou como professora e agora trabalha na aldeia. Ela não se considera pobre. “Também não sou rica,” diz. “Estou no meio. Nunca pensei que poderia ter dinheiro no banco.”  Mary não pretende parar. Ela é ambiciosa e quer ter sua própria estufa para cultivar mudas de mangueira e ganhar mais dinheiro.

Outros membros da associação compartilham a visão que Mary tem do futuro. Eles querem mais estufas para cultivar e vender mais mudas. “Nosso plano é ter pelo menos 20 estufas para nossos clubes e associação,” diz Alice. “Já estamos com falta de espaço. Alguns membros têm que armazenar as mudas em suas próprias casas.”

Para mais informações:

Miriam Okong’o, Gerente do Programa do País, FIDA
[email protected]

Dixie Kampani, Coordenadora do Projeto, IRLADP
[email protected]

O FIDA em Malawi


Madagascar: promovendo a cooperação entre microempresas

   
 

 

Chapéus enfeitados com as cores nacionais de Madagascar. - PROSPERER    

Em Madagascar, existe uma longa tradição de pequenas e microempresas (PME), particularmente no setor artesanal. Contudo, tendem a ficar em sua área imediata, com margem limitada para desenvolvimento. O programa Polos de Microempresas Rurais e Economias Regionais (PROSPERER), que apoia o desenvolvimento de empresas organizadas nesse setor, ajudou a implantar uma colaboração inovadora entre microempresas.  “Madagascar é um país dinâmico, com um forte espírito empreendedor, especialmente no campo do artesanato, onde o conhecimento passa de geração a geração. Estamos tentando aproveitar isso para desenvolver mais,” diz Benoit Thierry, Gerente do Programa do País.

Em 2010, o programa atuou como intermediário para executar um pedido de 10.000 chapéus com as cores nacionais de Madagascar. Os chapéus tinham que ser feitos especialmente para a comemoração da independência de Madagascar que ocorreria nesse ano. O pedido era grande mais para ser atendido por uma empresa, então o programa tentou reunir várias microempresas para executar o serviço.

Três microempresas, todas administradas por mulheres, foram selecionadas para a tarefa, e o trabalho geral foi coordenado por uma das três empresárias, Joelle Rabevazaha, proprietária de Kalangita Creation em Ampilanonana Ambalavao, perto da capital, Antananarivo. A tarefa consistia em produzir fitas brancas, vermelhas e verdes para enfeitar os chapéus. “Primeiro tivemos que fazer uma amostra para o cliente escolher antes de começar a trabalhar,” ela explica. “O cliente demorou a escolher, então tivemos só uma semana para produzir todas as fitas.”

Joelle foi a responsável pela compra dos chapéus, que seriam decorados pelas três microempresas. “Era um custo enorme para nós, e não tínhamos o dinheiro para comprar os chapéus,” afirma. PROSPERER as ajudou a obter um adiantamento do cliente para comprar a matéria-prima.

Cada companhia recebeu sua parcela de chapéus para enfeitar e começou a trabalhar. “Compramos tesouras elétricas para trabalhar mais rápido, e em quatro horas tínhamos cortado 620 fitas,” diz Menja, outra empresária envolvida no empreendimento. “Para terminar a tempo, tive que contratar mais pessoas.” Menja possui uma pequena empresa que fabrica bonecas. Todos os seus funcionários são mulheres e trabalham juntas em sua oficina.

Menja e Joelle têm máquinas de costura elétricas movidas a gerador, pois na sua aldeia não tem eletricidade. Contudo, Hanja, proprietária da terceira empresa, também emprega homens, principalmente para operar máquinas de costura movidas a pedal, que exigem mais força física. Também usam ferros elétricos ou tradicionais.

As três companhias se comunicavam regularmente por telefone para verificar a situação do pedido, seguindo instruções dadas no início. O programa também contratou uma coordenadora para verificar a qualidade do trabalho e assegurar o mesmo padrão nas três oficinas. Ela as visitava todo dia e prestava assessoria quando necessário, pois tinha conhecimento das exigências do cliente.  Além disso, as proprietárias capacitaram trabalhadores menos experientes como parte da iniciativa. “Também tivemos que capacitar nossos funcionários, que estavam fazendo um curso de treinamento proporcionado pelo PROSPERER,” diz Joelle.

   
 

 

Máquinas de costura elétricas movidas a gerador foram usadas para preparas as fitas. - PROSPERER    

As três parceiras conseguiram produzir todos os chapéus necessários e entregá-los a tempo para a comemoração do Dia da Independência. Assim, aprenderam que, trabalhando juntas, podem atingir mercados maiores, que antes estavam fora do alcance.

Até agora, PROSPERER selecionou 14.500 pequenas empresas, das quais 13.000 já foram capacitadas ou receberam serviços de apoio. A meta geral é apoiar 48.000 PME até 2015.  “A ideia é trabalhar com pessoas que têm uma pequena empresa porque já contam com experiência e conhecimento de comprar matéria-prima, transformá-la e vender os produtos. Já têm uma mente empreendedora,” afirma Thierry.

Como parte do programa, receberam assessoria sobre o desenvolvimento e apresentação de um plano de negócios para obter fundos de uma instituição de microfinanças. Além disso, há cursos de capacitação em comercialização, liderança e gestão. “Antes do programa, não nos considerávamos empresários. Não tínhamos ideia sobre comercialização e liderança,” diz um deles.

Contudo, o objetivo final do PROSPERER é reunir todas as PME de um setor numa associação para se organizarem melhor. Nesse sentido, a experiência com os chapéus foi um primeiro passo, mostrando que é possível cooperar. “Nosso objetivo é dispor de setores empresariais bem organizados. As redes já existem, mas são informais. Queremos comunicar a mensagem de que juntos somos mais fortes,” afirma Thierry.

Para mais informações: 

Benoit Thierry, Gerente do Programa do País, FIDA
[email protected]

Norman Messer, Gerente do Programa do País, FIDA
[email protected]

Caroline Bidault, Gerente Adjunto do Programa do País, FIDA
[email protected]

Haingo Rakotondratsima, Gerente do Programa do País, a/c Ministère de l’Agriculture, de l'Elevage et de la Pêche
[email protected]

 


Uganda: produzindo cosméticos naturais

   
 

 

Segujja vende seus produtos numa feira comercial.    

Grace Sseguja é fundadora e gerente de NALUSCO, uma companhia que fabrica sabonete de ervas e produtos para a pele. Antes de se tornar empresária, Grace era dona-de-casa que criava galinhas para suplementar a renda do marido e contribuir para o bem-estar da família. Grace e seu marido Joel têm dez filhos.

Seu espírito empreendedor apareceu quando ela ganhou da rádio local um prêmio por ter a melhor criação de galinhas. Mas, para Grace, isso não bastava. Ela era ambiciosa e queria fazer mais, mas não tinha acesso a fundos para abrir um negócio. “Não tinha dinheiro para abrir nenhum negócio, mas tinha muitas ideias,” afirma.

Em 2006, Grace filiou-se à Masaka Elders Savings and Credit Cooperative Organization (SACCO), que recebia apoio do Programa de serviços financeiros rurais (RFSP) em Uganda. Afirmaram que ela teria acesso a capital para abrir uma empresa. Sua ideia era produzir sabonetes e cosméticos, e seus vizinhos a incentivavam. O RFSP trabalha para aumentar a capacidade dos pobres rurais para poupar, comprar bens e investir em produção e empresas, aumentando o alcance e sustentabilidade de cooperativas de crédito e poupança selecionadas. A cooperativa de Grace, baseada no subcondado de Kimanya–Kyabukuza, cidade de Masaka, tem 2.463 membros.

Em 2008, Grace tomou um empréstimo de 300.000 xelins (US$115) da SACCO e, junto com seu marido e filhos, começou a fazer sabonetes. No início, produziam somente três barras de sabonete por dia, e vendiam cada uma por 1.000 xelins (US$0,38). Após pagar o primeiro empréstimo, conseguiu um empréstimo maior e comprou uma máquina, que permitiu aumentar a produção. Seu marido deixou o emprego na seção de contabilidade do hospital de Kitovu para trabalhar a tempo integral no que se tornou uma empresa familiar. Grace e Joel abriram outra fábrica em Kampala, acrescentaram gel corporal à sua linha de produtos, embalaram seus produtos para um mercado mais amplo e compraram uma caminhonete para transportar seus produtos.

Empregam exclusivamente mão de obra familiar para as atividades de pesquisa, produção, teste de produtos, venda, marketing, gestão financeira e contabilidade. Seus filhos estão envolvidos ativamente ou trabalham como aprendizes para aprender o ofício.

Grace atribui seu sucesso e fama à ajuda que recebeu da SACCO.  “Agora sou conhecida em todo o país por causa da minha empresa graças à SACCO, que confiou em mim e me deu um empréstimo para abrir meu negócio,” afirma.

Eric Kizza, gerente da SACCO, está satisfeito porque Grace teve a oportunidade de explorar seu potencial e desenvolver uma empresa bem-sucedida. “Quando Grace se filiou à SACCO, não tinha quase nada. Ela começou com um pequeno empréstimo, que ela usou e pagou logo antes de pegar outro. Ela não olhou para trás e agora pode receber empréstimos maiores não só da SACCO, mas também dos bancos comerciais se quiser,” afirmou.

O principal desafio de NALUSCO no futuro próximo é tornar seus produtos mais conhecidos num mercado mais amplo. A companhia precisa acumular fundos para comercializar seus produtos nos meios de comunicação, em vez de contar apenas com estandes nos mercados e feiras.

Para obter mais informações:

Marian Bradley, Gerente do Programa do País, FIDA
[email protected]

O FIDA em Uganda


Notícias e eventos

Doações e empréstimos aprovados pela Diretoria Executiva em setembro de 2011

Etiópia

Ruanda

Zâmbia


Empréstimos e doações a serem apresentados à Diretoria Executiva em dezembro de 2011

Malawi

Madagascar

Madagascar

Doações Regionais


Eventos recentes e próximos

Missões e seminários

Eritreia


Lesoto


Madagascar


Moçambique


Ruanda


Suazilândia


Tanzânia


Uganda


Nomeações e transferências

O Sr. Robert Creswell ingressou na divisão ESA como Encarregado da Gestão Financeira a partir de 1º de setembro de 2011. Anteriormente, o Sr. Creswell trabalhou na Divisão de Auditoria.

O Sr. Norman Messer ingressou na divisão ESA como gerente do programa de país para Madagascar. Antes o Sr. Messer trabalhou no Belgium Survival Fund e na Divisão da África Ocidental e Central.

Despedimo-nos do Sr. Ides de Willebois, Diretor de ESA, que se tornará Diretor da Divisão da África Ocidental e Central a partir de 1º de novembro de 2011.